Não fosse o dia começando todo errado, estaria tudo bem.
Às cinco e meia acordo com o celular, tomo café, me arrumo, vou pegar a bike e... pneu vazio?!?!
Em cima da hora, já me atrasando para o compromisso com o pastor.
Bomba de ar - bomba, bomba, bomba!
Já atrasado para o compromisso com o pastor – será pecado?
Bomba, bomba, bomba!
Vou subindo a rua a mil vencendo a leve e persistente inclinação ao encontro do pároco.
Bom dia, desculpas pelo atraso, água e pneu vazio.
Três minutos de troca a câmara, suor, muito suor, água e trinta minutos de atraso rumo ao Cristo Redentor.
Subida em ritmo moderado, vencendo os metros de asfalto de forma cadenciada, sentindo a temperatura cair com o passar dos quilômetros.
Alto da Boa Vista, Paineiras, silêncio e estamos dentro das nuvens.
Ao longe não se vê o Redentor.
Uma descida moderada, frio e início da subida até o Cara.
Chegada com Ele entre a forte neblina, de braços abertos sobre a Guanabara e de costas para gente.
Água, cinco minutos de papo e tudo que sobe, desce!
Descida serpenteando o Corcovado ao som da orquestra de freios.
Paineiras com duas saídas de curva do pastor - será um presságio?
Alto da Boa Vista, descida final pela Usina e... pneu furado!!!
Curva para direita tentando a tangente, o maldito murcho não deixa e quer me jogar para outra pista, carros subindo e vôo... estilo super-homem decadente, braços para frente para proteger os dentes.
Peito no asfalto e vou ralando o cotovelo.
Tudo em câmera lenta numa fração de segundos.
E vou ralando o joelho.
Rapidamente levanto e não fico mais que um segundo esperando o próximo carro a sair da curva me encontrar.
No recuo encontro o pastor mais nervoso do que eu.
Na volta para casa, já rindo do ocorrido, um pensamento não me sai da cabeça:
Não posso me atrasar para o trabalho.